Você não ouviu nada!: Black Sabbath

Após o lançamento do álbum "Live Evil", Dio(vocal) e Appice(bateria) deixam o Black Sabbath e vão formar uma bem sucedida carreira solo do cantor, deixando a banda novamente desconfigurada. E o que parecia inacreditável ocorre: o retorno de Bill Ward a bateria. Born Again é certamente um dos melhores e mais interessantes discos da história do Heavy Metal. É o único trabalho com o mestre Ian Gillan nos vocais e foi lançado em 1983, um ano antes dele sair do Sabbath e voltar ao Deep Purple, numa reunião da banda que havia terminado. Definitivamente, aqueles que estão acostumados a ouvi-lo apenas no Deep Purple se surpreendem com ele nesse trabalho. Apesar de Bill Ward ter retornado para compor e gravar o disco, logo em seguida deixou a banda novamente por problemas de saúde e quem fez a turnê de promoção do álbum foi o ex-ELO Bev Bevan.

Com a nova formação: Tony Iommi (guitarra), Gezzer Butler (baixo), Bill Ward (baterial) e Ian Gillan (vocal), além de Geoff Nichols (teclado), a banda entra em estúdio e compõe um álbum antológico e clássico. O trabalho é um festival de acordes tonitroantes, vocais ensandecidos e ritmo pulsante. Com sua sonoridade única e de uma brutalidade inquestionável, o disco divide opiniões de amor e ódio entre fãns e crítica. Contudo, vendeu muito e proporcionou uma turnê de sucesso levando novamente o Black Sabbath às alturas e se tornou uma peça fundamental na discoteca de qualquer heardbanger. Com canções como: a viajante "Born Again"(minha predileta), a aterrorizante "Disturbed Priest", a arrastada e sinistra " Zero The Hero" e as rápidas "Trashed" e "Digital Bitch", o resultado final em termos de composições é um dos melhores trabalhos já realizados pelo Black Sabbath em todos os tempos. Não era simplesmente um bom resultado em termos de pegada e de agressividade, era também um grande disco em termos de arranjos, harmonias e melodias. O disco soa um pouco abafado devido que durante as gravações, alguns amplificadores queimaram e ninguém percebeu, o que acabou gerando um som mais tenso ainda, que de certa forma até ajudou ao estilo sinistro das canções.

O disco foi remasterizado e lançado novamente em CD em versão deluxe contendo 02 discos no ano de 2011, sendo o conteúdo do primeiro, o álbum original de 1983, e o segundo um ao vivo da banda gravado no Reading Festival em 27 de agosto de 1983, onde a banda apresentou o cover "Smoke On The Water" do deep Purple além das canções deste disco e inúmeros sucessos de outras fases do Sabbath. Esta versão deluxe traz ainda, a inédita "The Fallen" e uma versão estendida da instrumental de "Stonehenge".

Curiosamente, ganhei este vinil no natal de 1993 (10 anos após o seu lançamento). Quando vi o demoninho na capa já esperei por algo mais brutal do que dos discos Heaven and Hell ou Mob Rules, lançados anteriormente com Dio nos vocais. Quando ouvi meu queixo caiu, o que eram aqueles agudos impossíveis, que clima, que peso! Esse é um clássico não reconhecido. Que Pena, ou não, que Ian Gillan saiu para gravar o Perfect Strangers com o Deep Purple.

Assim, que Gillan saiu aconteceram algumas curiosidades. A capa do disco levantou polêmica e também foi considerada uma das piores da banda, recebendo o adjetivo de feia e sem necessidade. A capa em questão ainda foi assunto por parecer com a capa de um álbum do Depeche Mode e a foto que deu origem a arte apareceu na revista Mind Alive. Bill Ward retornou pela terceira vez à banda, puxado pela insistência de Iommi e Buttler, que haviam escolhido trabalhar com o desconhecido David Donato. Tentaram poduzir algumas canções com esta formação, que foi direcionada pelo mega produtor Bob Ezerin (Kiss, Pink Floyd, Alice Cooper) e banda chegou até a dar uma entrevista e produzir uma seção de fotos para a revista Kerring. Resultado: a banda se dissolveu e nunca gravou nada. Em algumas biografias que li sobre o Sabbath afirman que a canção composta por esta formação "No Way Out"(apenas uma demo) deu origem a canção "The Shinning" do álbum "The Eternal Idol" de 1987, que marcou a entrada de Tony Martin na Banda. Contudo, isso é assunto para outro post que será postado em breve.

A verdade é que a banda ficou meio perdida neste período, mas ainda assim conseguiu surpreender a todos, lançando este estupendo disco que sem sombra de dúvida é o mais obscuro já lançado em toda a sua carreira. E você não pode deixar de conferir e de se assustar também!