quarta-feira, 25 de abril de 2012

Legião Urbana - V (1991)



Este é meu preferido do Legião Urbana, apesar da ampla maioria das pessoas e crítica indicar o álbum "Dois" como o melhor do grupo. O fato deste álbum me chamar a atenção com certeza não foi a poesia, já que Renato Russo foi praticamente impecável em praticamente todas às canções e álbuns lançados por eles, e sim o estilo blues e melancólico contido nas harmonias e arranjos presentes neste "Legião Urbana V" de 1991. O disco é tão diferente em sua discografia que de certa forma foi considerado um fracasso de vendas, atingindo apenas 700 mil cópias vendidas, praticamente a metade do disco anteriror "As Quatro Estações".


O álbum possui um estilo sombrio e também traz uma alusão ao período medieval em suas canções, claro que utilizadas aqui como metáfora, fato este que me lembrou muito a essência de uma grande banda dos anos 70 chamada Rainbow, que em sua formação clássica com Dio nos vocais, Richie Blackmore na guitarra, Jimmy Bain no contrabaixo e Cozy Powell na bateria, ajudou a desenvolver às raízes do estilo musical que receberia anos mais tarde o título de metal melódico.


A melancolia existente se deve as diversas complicações que Renato Russo passava na época como, a descoberta de ser soropositivo, alcoolismo e sua "Relação Amorosa" complicada com o americano Robert Scott Hickman. Também vale ressaltar que o país estava em crive e revolto, devido a crise econômica criada pelo "Plano Collor". De certa forma toda essa frustação foi condesada na forma de uma música com uma sonoridade única na carreira do grupo, permanecendo muito forte e expressiva até os dias de hoje. Para muitos críticos este álbum chega a ser classificado como progressivo e não como rock nacional, para se ter uma ideia de como este disco é uma verdadeira "viagem".



A canção que abre o álbum "Love Song", que apesar dos arranjos musicais serem de crédito do grupo, a letra é um fragmento de Nuno Fernandes Torneol, criados no século XIII, um texto que Renato Russo adorava. E a canção que fecha ao disco "Come Share My Life" é uma música do folclore estadunidense, de uma beleza de arranjos mais que notáveis. Ambas foram muto bem escolhidas e serviram tanto para abrir como para fechar o álbum, mostrando um sentimento de grande maestria, formando uma musicalidade para o álbum mais clara e forte que seus antecessores.


As canções quilométricas "Metal Contra As Nuvens", "A Ordem dos Templários" e "A Montanha Mágica", além de muito emotivas e carregadas de sentimentalismo, apresentam arranjos e tempos musicais bem distintos, são também enigmáticas, marcantes e sem sombra de dúvida alguma as mais profundas deste belo trabalho.


Já as canções "Teatro dos Vampiros", "Vento No Litoral" e "O Mundo Anda tão Complicado" foram as mais executadas nas rádios e se tornaram as mais conhecidas do disco. A primeira é uma grande análise do descontentamento dos jovens com a situação política e econômica que o Brasil atravessava na época. A segunda uma bela e profunda balada romântica. A terceira retrata o cotidiano das pessoas.


E ainda há espaço para guitarras distorcidas e pesadas em "L'âge D'or", e de a canção "Sereníssima" apresentar um ritmo eletrizante e direto com uma letra sobre frustração e desentendimento.


O disco deixa uma grande saudade e continua mostrando em suas execuções todo o potencial que o Legião Urbana tinha, como formadores de opinião. E o grupo com o passar dos anos se tornou sinônimo certo de muita qualidade musical e poesia. Viva a Legião Urbana!




Legião Urbana (1991)

Músicas:

1. Love Song
2. Metal Conta As Nuvens
3. A Ordem Dos Templários
4. A Montanha Mágica
5. O Teatro Dos Vampiros
6. Sereníssima
7. Vento No Litoral
8. O Mundo Anda Tão Complicado
9. L'âge D'or
10. Come Share My Life
































Nenhum comentário:

Postar um comentário