Titãs - Titanomaquia (1993)

Esse álbum para mim é essencial. Muitos podem até dizer que o álbum "Cabeça Dinossauro" seja o melhor da banda e que estou dando a louca, mas este é meu preferido, já que é o mais pesado gravado pela banda como também com letras diretas e objetivas. A verdade é que os Titãs gravaram grandes álbuns e outros nem tanto, más este chega ser indescritível, tamanha sua massa sonora  e genialidade.

No ano de 1993 o estilo musical "Grunge" assolava o mundo, e de alguma forma isso tocou a banda que chamou o produtor Jack Edino para a produções deste disco, e o resultado foi excelente, nos presenteando com um álbum praticamente "Grunge/Metal/Hard Rock", só que cantado em português, simplesmente uma loucura, parecia outra banda (talvez seja por isso que o álbum seja um pouco aplaudido e mutio subestimado até mesmo por alguns fãns do grupo).

A extraordinária criatividade e profundidade já surge até mesmo no simples nome do álbum, "Titanomaquia", que muitos pensam que é um derivado do nome da banda, mas na verdade representa uma passagem da Mitologia Grega que se refere a guerra entre os "Titãs", liderados por "Cronos", e os Deuses do Olimpo, liderados por "Zeus", que defenderia o domínio do "Universo". No Titanomaquia Zeus conseguiu vencer Cronos após resgatar seus irmãos depois da luta que durou dez anos. Vale lembrar que Mitologia Grega, Romana, Nórdica, entre muitas outras, são assuntos mais que presentes em diversos álbuns de artistas relacionados ao rock e metal.

As letras de todas as canções são impressionantes e beiram a loucura e a perfeição, e não estou sendo exagerado em meu depoimento aqui. Seu teor é direto e questiona de forma brutal o "Sistema" e levantam polêmicas diversas sobre o comportamento social e a escravidão da sociedade, cada vez mais materialista e individualista. O lado mais poético das letras foi perdido neste disco, já que é o primeiro sem o letrista Arnaldo Antunes, que era contra o som se tornar mais pesado. Muitas letras como "Disneylândia", "Dissertação do Papa Sobre o Crime Seguido de Orgia"(um texto do Marquês de Sadê), "Agonizando", "Hereditário" e "Nem Sempre Se Pode Ser Deus", apresentam textos corridos e diretos, estilo Legião Urbana.

Mesmo com letras fortes e inteligientes, ainda assim, a grande sacada do disco foi a sonoridade conseguida, principalmente das guitarras, que apresentaram riffs incríveis, dignos de concorrer até mesmo com os mestres do trash metal brasileiro, o Sepultura, na época. Para se ter algumas referências temos "Estados Alterados Da Mente" que parece composta pelo Iron Maiden, "Disneylândia", "Felizes são os peixes" e "Fazer  Quê?" lembram o Black Sabbath, "Dissertação do Papa Sobre o Crime Seguido de Orgia", soa como o Celtic Frost, "Será Que É Isso o Que Eu Necessito", "Nem Sempre Se Pode Ser Deus" e "Tempo Pra Gastar" trasmitem uma idéia de união do som do Nirvana e do Pearl Jam, já "De olhos Fechados" mostra um leve e sútil estilo do Motorhead. Contudo minha predileta sem sombra de dúvida é "A Verdadeira Mary Poppins", que já me fez bater muita cabeça em nossos eventos de rock.

Dá para perceber com os comentários que apesar de Titanomaquia ser um disco do rock nacional, ele está mais para quem curte som pesado do que o estilo "light" tradicional que o Titãs e as outras bandas de rock nacional dos anos 80 fizeram, e por isso minha gratidão para com eles será eterna. Ouça o disco e sinta sua adrenalina fluir até o limite máximo. Vai uma dica, ouça bem alto!

Titãs (1993)

Músicas:

1. Será Que É Isso o Que Eu Necessito

2. Nem Sempre Se Pode Ser Deus

3. Disneylândia

4. Hereditário

5. Estados Alterados Da Mente

6. Agonizando

7. De Olhos Fechados

8. Fazer O Quê

9. A Verdadeira Mary Poppins

10. Felizes São Os Peixes

11. Tempo Pra Gastar

12. Dissertação do Papa Sobre o Crime Seguido de Orgia

13. Taxidermia