Você não ouviu nada!: Iron Maiden

Sem dúvida alguma o Iron Maiden é uma das minhas bandas prediletas, como também do grande amigo de longa data musical, Clinger, que se trata de um exímio conhecedor da música, baixista e empresário, além de possuir uma visão futura como poucos que conheço, além de parceiro em projetos musicais como a banda Influence e a Virutal Death, uma banda cover do Black Sabbath formada no final de 2011.

Top Rock Especial 14 - Iron Maiden (1992)

Conheci o álbum no ano de 1992 após ter adquirido um exemplar da revista Top Rock Especial Nº 14 - Iron Maiden, que trazia toda a discografia comentada da banda lançada até então. Por incrível que pareça a revista foi adquirida aqui mesmo em santa Bárbara do Leste/MG (uma cidade extremamente rural), que possuia uma banca de revistas de uma prima minha chamada Esmeralda, que para nossa tristeza durou pouco, devido as baixas vendas, contudo enquanto durou, foi para nós que curtíamos o gênero, em uma representação metafórica, como uma espécie de Olimpo da música. O texto contido nesta revista foi determinante para que fizesse a aquisição deste play na "Rei do Disco", única loja de venda de discos da cidade vizinha de Caratinga/MG até esta data, e que não tinha interesse algum em vender discos relacionados ao rock e muito menos de metal, mas que de alguma forma nos surpreendia às vezes por nos depararmos com alguns LPs do gênero, e este foi um destes casos isolados. Esta falta de um point para adquirir material relacionado à música pesada só mudaria 02 anos mais tarde com o aparecimento da loja "Binoca", que além de vender álbuns teria todo tipo de material ligado ao rock como camisetas, bonés, posters, revistas, e muitos outros ítens de nossos artistas prediletos, mas isto é um fato para outro post.

Eu poderia estar fazendo um review de praticamente qualquer álbum do Iron Maiden, contudo esse foi o escolhido por um número significativo de motivos ligados a minha emoção subjetiva à este álbum, bem como por fatores históricos e mercadológicos que a banda atravessou após o lançamento do clássico absoluto de 1982, "The Number Of The Beast".

O disco marca a entrada do explosivo e ténico baterista Nicko McBrain (que permanece desde então até os dias atuais) que substituiu Clive Burr tornando o Iron Maiden mais técnico e melódico, sem comprometer os pontos fortes que o antigo baterista havia incorporado ao som da banda nos álbuns anteriores.

O álbum também é o 2º gravado com vocalista Bruce Dickinson, que ao lado do baixista Steve Harris, se tornariam os maiores ícones da banda no decorrer da história do grupo. Vale ressaltar que normalmente são os guitarritas e vocalistas que se destacam, porém com o Maiden a história foi diferente, sendo o baixista no lugar dos guitarristas o grande destaque. O estilo potente do vocal de Bruce Dickinson, como em "The Number Of The Beast", novamente impõe o ritmo e o estilo das músicas que compõe o álbum, nos entregando maravilhosas linhas vocais, atingindo notas altíssimas beirando a irrealidade.

A abertura do álbum com a canção "Where Eagles Dare" demonstra toda a qualidade que transformou a banda em uma verdadeiro marco do Heavy Metal, uma verdadeira obra-prima. Na sequência "Revelations" se apresenta com uma letra mais elaborada acompanhanda por diversas mudanças no andamento e execução, apresentando riffs marcantes. Más a grande canção perante ao público foi sem sombra alguma de dúvida a impactante "The Tropper", que ao ouvir nos gera uma adrenalina indescritível.Como se fossem um pré-conceito musical para o que a abanda apresentaria em seu álbum sucessor (o vindouro "Powerslave" de 1984), tanto em sentido de direcionamento musical quanto de letras, as canções "Flight Of The Icarus" e "To Tame A Land" se mostram brilhantes e atemporais permanecendo até os dias atuais como clássicos absolutos. O restante do álbum segue a mesma linha e se torna absurdamente plausível de uma audição integral sem apresentar qualquer tipo de decepções principalmente para os fãs do gênero.

Para aqueles que acreditam que Heavy Metal não passa de uma repetição, e chegam a este veredito apenas ouvindo bandas com vocais guturais cheios de som de guitarras insandecidas e em fúria, vale dar uma conferida e ver se com este álbum sua visão muda ou que pelo menos isso represente uma busca cultural pelos diversos caminhos que a música pode proporcionar, sabendo-se que o indivíduo amante da música só irá se deliciar quando busca diretamente da fonte. E com certeza, este álbum pertence a uma das fontes mais cristalinas que o Heavy Metal vêm apresentando nas últimas 05 décadas.

A verdade é que "Piece of Mind" é um álbum que tem sido basicamente esquecido tanto pelo Iron Maiden, bem como por uma parcela significativa de seus fãs. Com exceção da canção "The Trooper", que é facilmente uma das canções mais populares de Iron Maiden, a banda não toca basicamente nenhuma ou quase nenhuma música deste disco ao vivo atualmente em suas turnês mundiais. Alguns dizem que este álbum é uma obra-prima que foi derrotada pelo tempo, outros dizem que é simplesmente um disco muito subestimado. Eu, porém, digo apenas que o Iron Maiden fez várias coisas melhores do que este álbum, como também o contrário, más não aceitar este álbum como um dos melhores já feitos pela banda e não se emocionar, ou mesmo sentir a profundidade musical que conferimos ao ouvir o disco, é em minha mais humilde opinião, um fato inadmissível para qualquer pessoa amante da boa música!